segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Objetos Cortantes (Gillian Flynn)

       

Título: Objetos Cortantes
Título Original: Sharp Objects
Autora: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
Páginas: 256
Ano: 2015
Avaliação: ★★★

   
  Objetos Cortantes é o primeiro livro da autora Gillian Flynn. O livro foi publicado agora devido ao sucesso de Garota Exemplar, livro que particularmente eu amei e virou favorito de 2014.
      A obra gira em torno de Camille Preaker, que está na casa dos trinta anos, é solteira e repórter de um jornal não muito famoso de Chicago. Após oito anos longe dos dramas de sua antiga cidade, seu chefe pede que ela cubra um misterioso caso de assassinato e desaparecimento de garotinhas e para isso ela precisa voltar para a pequena Wind Gap, no Missouri, cidade onde nasceu e viveu. Camille acredita que isso lhe trará uma oportunidade de crescimento profissional pois irá cobrir uma matéria e investigar sobre casos dos quais mais nem um jornal falou, porém não gosta nenhum pouco da ideia. Muitos fantasmas habitam seu passado, um mal relacionamento com a mãe e a morte de uma irmã ainda muito jovem continuam a perseguindo e machucando. 
       Ao chegar em Wind Gap e se hospedar na casa de sua mãe, Camille sente todo seu passado vindo à tona. E após rever alguns de seus conhecidos na cidade, começamos a entender porque ela detesta tanto aquele lugar. Todos lá vivem de aparência, e a maioria das pessoas ainda pensa de maneira bastante ultrapassada. 
                                         "Este lugar faz coisas ruins comigo. Eu me sinto errada."
       Camille começa a buscar informações sobre os casos das garotinhas assassinadas e precisa encarar uma força policial que não tem nenhum interesse em revelar o caso. Os moradores no entanto, se encontram super interessados em ver seus nomes nos jornais.
        O diferencial do livro, é que o ponto máximo não é a história em si. Sabemos que algo estranho aconteceu na cidade de Wind Gap com duas garotinhas aparentemente perfeitas,  foram assassinadas e tiveram todos os dentes arrancados, sem um motivo aparente. E isso leva a população local, e o próprio leitor, a ansiar desesperadamente por uma solução. E é inevitável que ao ler o livro fiquemos tentando desvendar junto com a protagonista, quem foi o autor dos crimes, pois a cada hora parece haver um suspeito. Porém o que mais chama atenção aqui, realmente são os personagens. 
        Gillian Flyyn é mestre em criar personagens problemáticos, psicopatas e únicos. O relacionamento de Camille com a mãe Adora e a irmã Amma é um dos focos da narrativa. E de fato é uma das coisas mais interessantes do livro. Amma tem treze anos de idade e parece ser uma adulta. Ela veste roupas curtas, bebe, usa drogas e manda em seu próprio time de garotas como ela, e faz isso tudo apenas longe dos olhos de sua mãe, que a trata como uma princesa, com muitos mimos. Nessa família também temos Allan um marido apático e pomposo que parece sempre muito alheio a tudo. Camille nunca conheceu seu pai e sua mãe nunca demonstrou interesse em menciona-lo. Uma família que já era desestruturada, ficou ainda pior depois da  morte da irmã de Camille, a preferida de sua mãe. Essas relações todas são a base para o sucesso do livro.
      A mãe de Camille abomina o trabalho da filha, assim como tudo que tem relação com a mesma. Camille tem vários problemas psicológicos e o nome do livro faz todo sentido despois de a conhecermos, pois nossa protagonista pratica a automutilação, porém de um jeito diferente: se corta escrevendo palavras em todo seu corpo. 
       Eu me sentia mal na maioria do tempo em que realizava a leitura. Apesar de curto, o livro é incrivelmente pesado e denso. Camille é uma protagonista atípica e extremamente marcante. Seus pensamentos, atitudes e sentimentos são únicos. Ela teve uma vida de dor e solidão que poucos de nós são capazes de entender. Sua meia irmã também é uma personagem memorável. Nunca tinha conhecido uma garota de 13 anos com um jeito tão adulto e psicopata de ser. 
        Confesso que achei o final um pouco corrido, porém um dos pontos positivos do livro é a narrativa ser mais direta e objetiva. O desfecho, quando o autor dos crimes é desvendado e tudo vem às claras, foi algo que não me surpreendeu tanto assim, pois desde o início já imaginei que seria essa pessoa, apesar de ser um tanto quanto improvavél e todas as pistas apontarem pra outra.
        Um ponto muito positivo também, foram as reflexões emocionais a respeito das dores da protagonista. Nunca tinha lido sobre esse distúrbio tão complexo como o da automutilação. Diferentemente de Garota Exemplar, aqui o que me ganhou foram mais os personagens e seus problemas psicológicos do que a história em si (apesar de ser boa) e por isso achei Objetos Cortantes um pouquinho inferior ao Garota Exemplar. Porém, considero a Gillian Flynn uma autora magnifíca e sempre fico impressionada com seu jeito único e incrível de escrever thrillers psicológicos e criar personagens fortes. Que mente essa autora tem! Não favoritei o livro, mas sem dúvidas foi uma leitura 5 estrelas e extremamente válida.

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