quinta-feira, 27 de agosto de 2015

A Guardiã da Minha Irmã (Jodi Picoult)

Título: A Guardiã da Minha Irmã
Título Original: My Sister's Keeper
Autora: Jodi Picoult
Editora: Verus
Páginas: 434
Ano: 2011
Avaliação: ★★★


      No livro conhecemos a família Fitzgerald, composta por Sarah (mãe), Brian (pai), Kate (filha mais nova) e Jesse (filho mais velho). Uma família até então normal, porém tudo muda quando Kate com dois anos de idade é diagnosticada com um tipo raro de leucemia (um LPA) e os médicos deixam seus pais cientes de que ela provavelmente nunca chegará à fase adulta. Porém, com uma doação de medula compatível a vida de Kate poderia ser prolongada por mais alguns anos. Desesperados para salvarem a filha, Sara e Brian depois de descobrirem que o seu outro filho (Jesse) não era compatível resolvem ter um novo bebê, com a ajuda da ciência, onde todos os genes são selecionados para que esse novo filho seja um doador totalmente compatível com a Kate e assim possa ajudar a irmã a permanecer viva pelo maior tempo possível. É assim então que nasce Anna.

         O livro no entanto não começa com o nascimento de Anna, pois conhecemos ela já com 13 anos. Desde pequena Anna sempre soube que nunca foi planejada e que só veio ao mundo com um objetivo: ser a doadora de Kate, sua irmã leucêmica. Por esse motivo, ela não leva uma vida exatamente feliz, já que os pais nunca parecem realmente notá-la, ao menos quando Kate precisa ser internada, e Anna precisa ir junto pois é ela quem doa o que Kate precisa no momento e já perdeu as contas de quantas vezes levou agulhadas e passou por inúmeras situações desagradáveis para ajudar sua irmã a viver. Anna sempre soube que isso nunca iria acabar (ao menos que Kate morresse). Porém isso só fica claro de verdade quando Kate é diagnosticada com falência renal, que poderá resultar em sua morte e Anna é a única pessoa que pode lhe doar um rim. 
       Nesse dia então, Anna decide que vai dar um jeito na situação. Cansada de ser sempre a filha invisível e de sempre ter que fazer o que seus pais mandam, ela resolve contratar um advogado e entrar na justiça contra os pais para conseguir sua emancipação médica, e nunca mais precisar doar nada para Kate. E isso  não vai ser nada fácil, pois a partir de então uma guerra se forma entre Anna e sua mãe, que movida pelo sentimento maternal de querer salvar Kate, fica chocada com a atitude de sua filha mais nova e implora para que ela desista do processo e continue sendo a doadora.
"Quando você se importa mais com a vida de outra pessoa do que com a sua...isso é amor?"(pág. 322)
    Considerações: O livro é narrado por seis pontos de vistas diferentes: o da Anna, da Sarah, do Brian, do Jesse, do Campbell (advogado da Anna) e de Julia, sua ex namorada e curador ad litem da Anna. Isso deixa a história mais dinâmica pois não ficamos presos apenas dentro da cabeça do protagonista. O interessante nesse livro foi que a autora soube trabalhar muito bem as características de cada personagem-narrador, apesar de serem muitos. Jodi Picoult soube também como conduzir muito bem a história e consegue ir prendendo o leitor em sua trama, fazendo-o seguir fielmente sua linha de raciocínio. 
        O livro é polêmico e coloca pontos de vistas às vezes nunca pensados. Apesar de ser razoavelmente longo, eu me vi totalmente envolvida com tudo e por vezes ficava indecisa e não sabia se achava certo o que Anna estava fazendo, processando os pais para conseguir a emancipação médica, ou se achava certo que ela continuasse sendo a doadora de Kate, já que ela é sua irmã e está morrendo. Toda a situação do livro é muito complicada e o tema é muito comovente. Porém, apesar disso, foi uma leitura nem um pouco cansativa e que também conseguiu ser empolgante. 
          No livro também acompanhamos algumas memórias de Anna e de Sarah, dos tempos em que Kate foi diagnosticada, de como a família reagiu e de como tudo se tornou mais difícil. A vida de Kate obviamente é a prioridade de seus pais e é impressionante o quanto Sarah principalmente, luta e faz de tudo para manter sua filha viva. Os momentos de recaídas da Kate mexiam muito comigo pois sabemos como essa doença tão cruel como o câncer, devasta a vida do portador e também de seus familiares.
        Durante a leitura, também acompanhamos o drama entre Campbell Alexander (advogado de Anna) e Julia que é a curador ad litem da Anna e que teve um caso no passado com o Campbell.  O romance dos dois personagens vai se desenvolver paralelamente a história.  E apesar de todo o drama que a família passa e do romance estar em segundo plano, eu me vi torcendo para que o Campbell e a Julia ficassem juntos e conseguissem seu final feliz.
        O fim desse livro até agora me deixa sem palavras. Eu jamais esperaria o desfecho que teve pois acontece algo totalmente terrível e inesperado que me deixou literalmente chocada. Quando terminei a leitura, fiquei com muita raiva da autora por ter terminado dessa forma mas depois parando pra pensar até que gostei desse final totalmente inesperado e surpreendente.
        Assim que terminei a leitura, fui correndo ver o filme novamente pois já nem me lembrava direito e constatei que apesar de ser uma adaptação muito boa e bem fiel no enredo, o final do filme é totalmente compreensível e esperado, o oposto do que acontece no livro. Tenho que confessar que apesar do choque e de na hora ter odiado, eu prefiro o final do livro. A autora foi muito ousada e não quis de forma alguma terminar essa obra de forma normal e realista e isso foi a gota d'água pra essa leitura ter sido tão inesquecível pra mim. Um livro totalmente comovente, singelo e empolgante. Nunca vou me perdoar por ter deixado ele por tanto tempo estacionado na minha estante, mas acredito que tenha lido no momento certo pois a leitura realmente me tocou de um jeito absurdo.
          Recomendo para todo mundo. Considero A Guardiã da Minha Irmã uma leitura realmente necessária.    
"Eu me dou conta de que nós nunca temos filhos, apenas os recebemos. E às vezes não é por tanto tempo quanto esperávamos. Mas ainda é melhor do que nunca ter tido esses filhos."

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